Monday, June 05, 2006

In Grind We Crush!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Um dos estilos que mais admiro dentro da música pesada é, sem dúvidas, o Grind Core. Basicamente por dois motivos. O primeiro pela força sonora, os blasting beats, o ritmo que acompanha o fim do mundo e todas as suas misérias. O segundo é pela atitude política (no sentido nobre da palavra) a qual as bandas do estilo costumam se pautar, como por exemplo os seus ícones: NAPALM DEATH, TERRORIZER, EXTREME NOISE TERROR e NASUM, apenas para citar alguns. Essa preferência tem, naturalmente, uma relação muito forte com o fato de que sempre fui um fã assumido e ardoroso de música hardcore e punk dos anos 80, na minha opinião, a era de ouro do estilo. Não o hardcore americano abobalhado, comercial e antagônico (com exceção dos MISFITS e CRYPTIC SLAUGHTER... talvez alguns outros existam mas cujos nomes não me recordo no momento). Também, não o hardcore de hoje, mascarado sob o deplorável manto de algo chamado "emo-core". Falo de bandas como TERVEET KADET, CRUDE SS, RISTEETIT, ANTI CIMEX, RATUUS, GBH, THE EXPLOITEDS, THE VARUKERS etc., todas bandas EUROPÉIAS, as quais tinham uma grande consciência do mundo de valores decadentes que estava à sua volta e gritavam contra.
Era uma geração sob a influência de mundo dominado pela guerra fria, pelo esmagamento da classe operária na Inglaterra por Margareth Tatcher e da sombra do imperialismo americano dominado o planeta e ditando as ordens.

Terveet Kadet: Tios do Black Metal Pós-Venom???
Portanto, uma geração que tinha razões de sobra para se rebelar. Não que hoje não se tenha, mas a verdade é que a mídia se apossou dos valores da contracultura e passou a produzir em massa os ícones das novas gerações, como se fossem meros big macs ou garrafas de coca-cola, antecipando qualquer motivação de se construir o novo, de se sair dos moldes e assim não se consumir o que seus patrocinadores ordenam.
Além do mais, essas bandas deixaram um legado de grande influência para o que veio a ser a segunda geração de bandas de black metal, seja musical como visualmente. Posso citar o SARCÓFAGO (que tocava covers do TERVEET KADEET, sem falar no visual do baterista D.D. Crazy nas fotos do I.N.R.I.) e o IMPALED NAZARENE, assumidos fãs do estilo. Aliás, a Finlândia foi um berço esplêndido do estilo, revelando nada mais nada menos do que o RATTUS, que teve dois albums lançados aqui no Brasil pela New Face Records, o UNSKOOTO ON VAARA (cantado em finlandês) e o STOLEN LIFE. Se por acaso o leitor decidir aprofundar sua pesquisa, sugiro fortemente a coletânea (hoje raríssima) intitulada "Afflicted cries in the Scenes of War", um verdadeiro clássico, imperdível para qualquer fã do estilo.
O grindcore é um filho dessa geração. O próprio nome diz isso (grind + hardcore, que já foi chamado também de death core, devido à influência do death metal e do hardcore). O Napalm Death, em minha opinião o expoente máximo do estilo homenageou muitas dessas bandas em seus dois cds de covers, "Leaders, Not Followers". Apenas para citar algumas: Anti-Cimex, Cryptic Slaughter, Discharge, etc. Barney & cia. souberam beber da fonte e amplificaram, enzimaram, potencializaram o que seus antecessores criaram. Claro, O Napalm não é apenas um seguidor. O EXPOSE YOUR HATE é um discipulo honradíssimo dessa escola chamada Grindcore. Diria até que é um aluno NOTA DEZ! Prestam atenção ao que os mestres ensinam, mas, o que é mais importante, ousam trilhar seus próprios passos. Estudam com disciplina cada métrica e colocam em ação com a maestria dos obstinados. Souberam absorver suas influências, sem querer ser apenas seguidores. "HATECULT" (Black Hole Records), debut album da banda, é uma lição de violência digna dos grandes nomes do estilo. A demo "In God We Crush" de 2000 já sinalizava isso. Portanto, tarde demais se você não preparou seus tímpanos sensíveis e está ouvindo a banda pela primeira vez. Eles não perdoam. Faixa por faixa, do início ao fim, a banda dá um tapa na cara da hipocrisia humana, destilando letras que vão desde a necessidade de acordarmos e agirmos (o que me lembrou da contra-capa de UTOPIA BANISHED do ND, onde está escrito "Change your Reality"!!! levantem e lutem!), as mentiras da "holy shitty bible" até à matança de animais.
O EYH surge de uma região que não tem tradição em produzir bandas nesse estilo (nordeste). Apenas na mesma cidade tem o Outset, que tem em sua formação o Luiz Cláudio e o Fratelli que tem o Cláudio. Ou seja, tem mais jeito de projeto paralelo (aquela banda em que os integrantes procuram fazer algo diferente do que fazem ou simplesmente querem fazer mais daquilo que já fazem!) do que de uma "banda oficial". Oriundos de bandas de Death Metal (Sanctifier, Insane Death, etc.), os integrantes não desprezam esse passado, mas, ao contrário, utilizam como combustível para incendiar o que produzem.
Gostei muito do cd como um todo. Desde a capa, o encarte, as letras, até à música. Tudo é muito bem alinhavado e nada está aquém ou além da medida. O recado está bem dado. Se você me perguntasse quais as minhas faixas preferidas eu diria que a de abertura e de mesmo nome da banda e "Bible Bullshit", mas sem desmerecer as demais.
Um fato que deve ser mencionado, não como marketing barato e sim como sinal da importância da banda no contexto mundial da cena grindcore, é que esse foi o último trabalho produzido e, provavelmente, o último trabalho mesmo de Miezko, vocalista e guitarrista de uma das maiores revelações dos últimos tempos, o NASUM. Miezko faleceu na Indonésia durante o Tsunami, juntamente com sua namorada.
Apesar de ser um grandíssimo suspeito em falar dessa banda, afinal Cláudio é amigos de longas datas (quase duas décadas), vejo, atualmente, o EYH como um dos maiores expoentes da região, ao lado de bandas como SANCTIFIER (seus conterrâneos), HEADHUNTER DC e MYSTIFIER. Dentro da música pesada de nosso país, esse cd certamente "mancha" os catálogos das gravadoras (conhecidos como revistas especializadas) ao apurar uma estética que prima pelo conteúdo e não simplesmente pela forma. Aliás, a forma aqui é cortante, repulsiva, distorcida. É a realidade de um mundo para o qual viramos as costas quando ele se desenha à nossa frente. É o mundo que o EYH insiste que vejamos.
o EYH segue adiante, firme e forte, tentando acordar uma geração despolitizada, consumista e acomodada. É uma missão difícil, mas não impossível, e eu sei que os integrantes sabem disso. Mais: que a música por si só não muda o mundo nem ninguém. Mas uma coisa é certa: se depender do poder de destruição sonora dessa banda, ninguém conseguirá dormir pelas próximas décadas!!!!

Monday, May 29, 2006

Sepultura: Por que não acabar?

Good Times...O Sepultura está prestes a lançar mais um álbum. Confesso a vocês que nem sequer lembro o nome do anterior, quanto mais deste que está para sair. Se preciso dessas informações a fim de acrescentá-las nesse comentário tenho que recorrer ao site oficial da banda (www.sepultura.com.br). Desculpe-me, mas não é por ignorância, não.

Em outros tempos as coisas não eram assim. Eu sabia meses antes qual seria o nome do próximo trabalho da banda. Sabia os nomes de cada trabalho já lançado (que não eram muitos na época), as músicas decoradas na ponta da língua, sabia até quem havia sido agradecido pela banda nos ‘thanks’ do encarte. Buscava desesperadamente saber o nome de cada música quando estas ainda estavam em fase de composição pela banda e sempre dava um jeito de conseguir um “advance tape”. Um novo trabalho do Sepultura significava pra mim muita ansiedade! Tenho algumas histórias interessantes, coisa de fã mesmo, nesse quesito. Pelo menos pra mim!

No “Schizophrenia” fui encher o saco de um amigo cedinho da manhã, acho que ele nem havia acordado direito, para poder ver “com meus próprios olhos” o disco e as mudanças, tão discutidas na noite anterior pela turma de headbangers, incitada por um privilegiado que, sozinho, tinha tido acesso àquela jóia durante a tarde. Falava-se que a banda havia traído o movimento (afinal de contas uma banda de death metal agradecer ao Salão Vila Vera “pelos nossos cabelos” era um sinal claro de “poseirismo”, traição total ao movimento underground. Isso, claro, nos anos 80, tempos de total intolerância!), dizia-se que a banda teria debandado para o thrash (o que era verdade) e outras coisa mais. Enfim, independente do que se falava sobre a banda, o mais importante era que ela dava o caldo que alimentava longuíssimos e animados debates, quase sempre acompanhados por cerveja ou pelo famoso quintinho (um quinto de uma garrafa de cachaça). Assim foi no “Beneath the Remais” e também no “Arise”.

No entanto, com o lançamento de “Chaos AD”, percebi, que já não havia mais aquela empolgação em torno da banda. Uma parte por culpa da própria banda, mas outra, sejamos justos, por culpa da cena a qual ela estava inserida. Os tempos eram outros. O Sepultura já não queria mais agradar a seus antigos fãs. Via-se com as asas de Ícaro, estava voando alto, mais alto que os garotos de Santa Teresa poderiam imaginar. Estavam morando nos EUA, transitavam entre as grandes bandas (Metallica, Black Sabbath, Ministry, etc). Olhavam nos espelhos e se viam deuses. O sol era o limite. Não imaginavam o quanto estavam perto dele.

“Chaos AD” mostrou-se um álbum em que a banda abandonava sua personalidade e passava a flertar sem pudor com o de outras. Em “Pavilhão 9”, por exemplo, a banda pisou fundo no industrial minimalista do MINISTRY. Também foi o disco que marcou o início da fase mistureba, de tribalização. A faixa “Kaiowas” ia da viola caipira à música indígena. E tome brasilidade. Na minha opinião, apesar dos, vamos chamar assim, contratempos, é um bom disco, com excelentes faixas, como por exemplo “We who are not as others”, “Chaos AD” e “New World Order”. Um porém, vale a pena registrar, foi o o cover em vão de “Polícia” dos Titãs. Não agregou valor nenhum ao trabalho e nem a banda merecia tal homenagem. Se era para fazer um cover politizado, dentro do contexto das demais músicas, que fizesse do NAPALM DEATH ou TERRORIZER. De qualquer forma, era uma maneira do Sepultura se entrosar em outras praias e aumentar seu público (e faturamento).


Após isso, deu-se início o fim. “Roots” foi o trabalho de esgotamento. Em todos os aspectos. Primeiro, o esgotamento pessoal. A cisão da banda ficou claramente percebida como uma grande manifestação de sacos cheios, que vinham se acumulando após anos de ensaio-turnê-ensaio. Egos super-alimentados pela industria musical, o excesso de influência da família nos rumos da banda, ciúmes (inveja?) e outros sentimentos negativos haviam se apossado de todos e o tiroteio tomou conta. O Sepultura se tornou uma panela de pressão e explodiu. Daí em diante há muito o que se contar e isso deixarei para outra oportunidade.


O ano de 2006 marca o vigésimo aniversário do lançamento de “Morbid Visions” (Cogumelo Records). Muita coisa mudou. A banda, o público, o mundo. Mas se esse trabalho consolidou o nome dos quatro adolescentes brasileiros no cenário underground mundial, o que está prestes a sair apenas representa mais uma página de um livro que deveria ter sido fechado há muitos anos. O que se vê hoje é uma sucessão de fracassos que não levam mais a banda ao patamar onde já estiveram. “Against” foi razoável, “Nation” foi medíocre e o seguinte (nem sei o nome), risível. Os integrantes já nem gostam mais do estilo que tocam e vivem de passado. Igor, empresário da moda, desloca-se entre o tecno e o rap. Andréas apelou até a Junior da dupla Sandy e Junior. Paulo... bom, Paulo continua o que era. Apenas Paulo. Derrick Green é um ex-vocalista de hardcore. Sem o peso para substituir um Max Cavalera da vida, apenas tapou o buraco deixado pelo hoje também sem brilho ex-vocalista. Entre mortos e feridos, a banda segue moribunda, tentando agradar a uma geração que não conheceu o Max Possessed, o Igor Skullcrusher, o Paulo Destructor e o Jairo Tormentor.

Decadência: O que Andreas foi fazer lá no mato???Passados vinte anos de “Morbid Visions” é triste olhar para a banda que em outras épocas ajudou a definir o estilo de tocar metal não só no Brasil, como em todo o mundo, e constatar que a única visão mórbida que nos resta a admirar é a da própria banda, excursionando com bandas de nu-metal, tocando em rodeios e dividindo o palco com uma banda de funk ou com um mero cantor de músicas infantis da pior qualidade.

Diante de tal cenário pergunto-me: por que não acabar? Por que não deixar o nome
SEPULTURA guardado com honra e mantendo orgulhosos aqueles que ajudaram a construir essa história? Tudo tem um fim. A história do SEPULTURA já chegou ao seu faz tempo. Hoje é apenas lucrar em cima do que ele representou. Sei que essa reflexão não é só minha. Muitos fãs ardorosos de outras épocas sabem do que estou falando. Claro que a esses a banda há muito deixou de reservar qualquer apreço (com exceção daqueles que concordam com os rumos atuais). Apenas dão-nos as costas.

Não quero criar um pensamento típico de torcida de futebol, rancorosa pela derrota, mas apenas expor que se é para manter uma banda apenas como quem mantém uma fonte de renda, sem brilho, sem ousadia, criatividade e, principalmente, respeito ao passado, é melhor acabar e formar outra com nome diferente. Não que a banda venha a ter o mesmo estilo dos tempos do "Bestial" ou do "Morbid", mas pelo menos que faça algo que não os envergonhe. Afinal de contas, o passado é melhor deixar no passado.

Sunday, May 21, 2006

Mudanças no EYH



Novidades na formação do Expose Your Hate. A banda agora é um quinteto com a entrada de Flávio França (Outset) para o posto de segundo guitarrista. A banda já agendou duas apresentações em junho, uma em Natal e outra em Mossoró-RN (breve maiores informações sobre estes shows no site) para estrear o novo line-up ao vivo . Em breve fotos com a nova formação no site oficial:
www.exposeyourhate.com.br

O próximo despertar

O grupo de death metal do Rio Grande do Norte, SANCTIFIER, está trabalhando incansávelmente na composição de novas faixas para o trabalho que irá suceder o avassalador debut "Awaked by Impure Rites" e na gravação de um split com o não menos brutal HEADHUNTER DC da Bahia. Mais novidades em breve.

In the beginning...



Saudações!

Nesse blog irei falar no decorrer dotempo sobre os cds, shows, revistas, fanzines, selos, etc que sejam convenientes de ser comentados e criticados. Não pretendo cobrir tudo constante e precisamente, pois teria que dedicar-me 24 horas a ele e isso está fora de cogitação. Quando tiver algo interessante a adicionar, adicionarei-o. Quando não, melhor ficar calado.

Tentarei, na medida do possível, fugir do óbvio e do lugar comum. Portanto não espere ver aqui aquelas mesmas bandas que você encontra nas revistinhas coloridas. O estranho, o cult e o underground serão bem vindos. O lugar comum não será frequentado. Não pretendo divulgar bandas comerciais como angra e shaaman, mas não hesitarei em falar sobre bandas que não são fáceis de deglutir como ISIS, LxLxLx (Lincoln Love Log) ou JESU. Caso queira dar sua opinião, fique à vontade. Se quiser uma resposta entre em contato, mas sem compromissos de quando responderei.

Um blog é um blog e nada mais do que isso. Por isso não deixe de visitar e apoiar os outros meios de divulgação tais como os web sites e, nunca, principalmente deixe de apoiar os fanzines impressos, pois estes trabalham contra tudo e contra todos e não têm o devido valor. A xerox ainda é, em minha opinião, o grande meio de comunicação da cena metal underground, além de serem os precurssores de tudo o mais que surgiu em termos de mídia de divulgação.

Este é um espaço para divulgação, críticas e reflexão. Um espaço para cultuarmos com maturidade aquele estilo de música que mais gostamos: o HEAVY METAl. Espero que apreciem, visitem e divulguem.

Boa leitura!