In Grind We Crush!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Um dos estilos que mais admiro dentro da música pesada é, sem dúvidas, o Grind Core. Basicamente por dois motivos. O primeiro pela força sonora, os blasting beats, o ritmo que acompanha o fim do mundo e todas as suas misérias. O segundo é pela atitude política (no sentido nobre da palavra) a qual as bandas do estilo costumam se pautar, como por exemplo os seus ícones: NAPALM DEATH, TERRORIZER, EXTREME NOISE TERROR e NASUM, apenas para citar alguns. Essa preferência tem, naturalmente, uma relação muito forte com o fato de que sempre fui um fã assumido e ardoroso de música hardcore e punk dos anos 80, na minha opinião, a era de ouro do estilo. Não o hardcore americano abobalhado, comercial e antagônico (com exceção dos MISFITS e CRYPTIC SLAUGHTER... talvez alguns outros existam mas cujos nomes não me recordo no momento). Também, não o hardcore de hoje, mascarado sob o deplorável manto de algo chamado "emo-core". Falo de bandas como TERVEET KADET, CRUDE SS, RISTEETIT, ANTI CIMEX, RATUUS, GBH, THE EXPLOITEDS, THE VARUKERS etc., todas bandas EUROPÉIAS, as quais tinham uma grande consciência do mundo de valores decadentes que estava à sua volta e gritavam contra.
Era uma geração sob a influência de mundo dominado pela guerra fria, pelo esmagamento da classe operária na Inglaterra por Margareth Tatcher e da sombra do imperialismo americano dominado o planeta e ditando as ordens.
Portanto, uma geração que tinha razões de sobra para se rebelar. Não que hoje não se tenha, mas a verdade é que a mídia se apossou dos valores da contracultura e passou a produzir em massa os ícones das novas gerações, como se fossem meros big macs ou garrafas de coca-cola, antecipando qualquer motivação de se construir o novo, de se sair dos moldes e assim não se consumir o que seus patrocinadores ordenam.
Além do mais, essas bandas deixaram um legado de grande influência para o que veio a ser a segunda geração de bandas de black metal, seja musical como visualmente. Posso citar o SARCÓFAGO (que tocava covers do TERVEET KADEET, sem falar no visual do baterista D.D. Crazy nas fotos do I.N.R.I.) e o IMPALED NAZARENE, assumidos fãs do estilo. Aliás, a Finlândia foi um berço esplêndido do estilo, revelando nada mais nada menos do que o RATTUS, que teve dois albums lançados aqui no Brasil pela New Face Records, o UNSKOOTO ON VAARA (cantado em finlandês) e o STOLEN LIFE. Se por acaso o leitor decidir aprofundar sua pesquisa, sugiro fortemente a coletânea (hoje raríssima) intitulada "Afflicted cries in the Scenes of War", um verdadeiro clássico, imperdível para qualquer fã do estilo.
Gostei muito do cd como um todo. Desde a capa, o encarte, as letras, até à música. Tudo é muito bem alinhavado e nada está aquém ou além da medida. O recado está bem dado. Se você me perguntasse quais as minhas faixas preferidas eu diria que a de abertura e de mesmo nome da banda e "Bible Bullshit", mas sem desmerecer as demais.
Um fato que deve ser mencionado, não como marketing barato e sim como sinal da importância da banda no contexto mundial da cena grindcore, é que esse foi o último trabalho produzido e, provavelmente, o último trabalho mesmo de Miezko, vocalista e guitarrista de uma das maiores revelações dos últimos tempos, o NASUM. Miezko faleceu na Indonésia durante o Tsunami, juntamente com sua namorada.
Apesar de ser um grandíssimo suspeito em falar dessa banda, afinal Cláudio é amigos de longas datas (quase duas décadas), vejo, atualmente, o EYH como um dos maiores expoentes da região, ao lado de bandas como SANCTIFIER (seus conterrâneos), HEADHUNTER DC e MYSTIFIER. Dentro da música pesada de nosso país, esse cd certamente "mancha" os catálogos das gravadoras (conhecidos como revistas especializadas) ao apurar uma estética que prima pelo conteúdo e não simplesmente pela forma. Aliás, a forma aqui é cortante, repulsiva, distorcida. É a realidade de um mundo para o qual viramos as costas quando ele se desenha à nossa frente. É o mundo que o EYH insiste que vejamos.
o EYH segue adiante, firme e forte, tentando acordar uma geração despolitizada, consumista e acomodada. É uma missão difícil, mas não impossível, e eu sei que os integrantes sabem disso. Mais: que a música por si só não muda o mundo nem ninguém. Mas uma coisa é certa: se depender do poder de destruição sonora dessa banda, ninguém conseguirá dormir pelas próximas décadas!!!!
Era uma geração sob a influência de mundo dominado pela guerra fria, pelo esmagamento da classe operária na Inglaterra por Margareth Tatcher e da sombra do imperialismo americano dominado o planeta e ditando as ordens.
Portanto, uma geração que tinha razões de sobra para se rebelar. Não que hoje não se tenha, mas a verdade é que a mídia se apossou dos valores da contracultura e passou a produzir em massa os ícones das novas gerações, como se fossem meros big macs ou garrafas de coca-cola, antecipando qualquer motivação de se construir o novo, de se sair dos moldes e assim não se consumir o que seus patrocinadores ordenam.
Além do mais, essas bandas deixaram um legado de grande influência para o que veio a ser a segunda geração de bandas de black metal, seja musical como visualmente. Posso citar o SARCÓFAGO (que tocava covers do TERVEET KADEET, sem falar no visual do baterista D.D. Crazy nas fotos do I.N.R.I.) e o IMPALED NAZARENE, assumidos fãs do estilo. Aliás, a Finlândia foi um berço esplêndido do estilo, revelando nada mais nada menos do que o RATTUS, que teve dois albums lançados aqui no Brasil pela New Face Records, o UNSKOOTO ON VAARA (cantado em finlandês) e o STOLEN LIFE. Se por acaso o leitor decidir aprofundar sua pesquisa, sugiro fortemente a coletânea (hoje raríssima) intitulada "Afflicted cries in the Scenes of War", um verdadeiro clássico, imperdível para qualquer fã do estilo.
O grindcore é um filho dessa geração. O próprio nome diz isso (grind + hardcore, que já foi chamado também de death core, devido à influência do death metal e do hardcore). O Napalm Death, em minha opinião o expoente máximo do estilo homenageou muitas dessas bandas em seus dois cds de covers, "Leaders, Not Followers". Apenas para citar algumas: Anti-Cimex, Cryptic Slaughter, Discharge, etc. Barney & cia. souberam beber da fonte e amplificaram, enzimaram, potencializaram o que seus antecessores criaram. Claro, O Napalm não é apenas um seguidor. O EXPOSE YOUR HATE é um discipulo honradíssimo dessa escola chamada Grindcore. Diria até que é um aluno NOTA DEZ! Prestam atenção ao que os mestres ensinam, mas, o que é mais importante, ousam trilhar seus próprios passos. Estudam com disciplina cada métrica e colocam em ação com a maestria dos obstinados. Souberam absorver suas influências, sem querer ser apenas seguidores. "HATECULT" (Black Hole Records), debut album da banda, é uma lição de violência digna dos grandes nomes do estilo. A demo "In God We Crush" de 2000 já sinalizava isso. Portanto, tarde demais se você não preparou seus tímpanos sensíveis e está ouvindo a banda pela primeira vez. Eles não perdoam. Faixa por faixa, do início ao fim, a banda dá um tapa na cara da hipocrisia humana, destilando letras que vão desde a necessidade de acordarmos e agirmos (o que me lembrou da contra-capa de UTOPIA BANISHED do ND, onde está escrito "Change your Reality"!!! levantem e lutem!), as mentiras da "holy shitty bible" até à matança de animais.
O EYH surge de uma região que não tem tradição em produzir bandas nesse estilo (nordeste). Apenas na mesma cidade tem o Outset, que tem em sua formação o Luiz Cláudio e o Fratelli que tem o Cláudio. Ou seja, tem mais jeito de projeto paralelo (aquela banda em que os integrantes procuram fazer algo diferente do que fazem ou simplesmente querem fazer mais daquilo que já fazem!) do que de uma "banda oficial". Oriundos de bandas de Death Metal (Sanctifier, Insane Death, etc.), os integrantes não desprezam esse passado, mas, ao contrário, utilizam como combustível para incendiar o que produzem.Gostei muito do cd como um todo. Desde a capa, o encarte, as letras, até à música. Tudo é muito bem alinhavado e nada está aquém ou além da medida. O recado está bem dado. Se você me perguntasse quais as minhas faixas preferidas eu diria que a de abertura e de mesmo nome da banda e "Bible Bullshit", mas sem desmerecer as demais.
Um fato que deve ser mencionado, não como marketing barato e sim como sinal da importância da banda no contexto mundial da cena grindcore, é que esse foi o último trabalho produzido e, provavelmente, o último trabalho mesmo de Miezko, vocalista e guitarrista de uma das maiores revelações dos últimos tempos, o NASUM. Miezko faleceu na Indonésia durante o Tsunami, juntamente com sua namorada.
Apesar de ser um grandíssimo suspeito em falar dessa banda, afinal Cláudio é amigos de longas datas (quase duas décadas), vejo, atualmente, o EYH como um dos maiores expoentes da região, ao lado de bandas como SANCTIFIER (seus conterrâneos), HEADHUNTER DC e MYSTIFIER. Dentro da música pesada de nosso país, esse cd certamente "mancha" os catálogos das gravadoras (conhecidos como revistas especializadas) ao apurar uma estética que prima pelo conteúdo e não simplesmente pela forma. Aliás, a forma aqui é cortante, repulsiva, distorcida. É a realidade de um mundo para o qual viramos as costas quando ele se desenha à nossa frente. É o mundo que o EYH insiste que vejamos.
o EYH segue adiante, firme e forte, tentando acordar uma geração despolitizada, consumista e acomodada. É uma missão difícil, mas não impossível, e eu sei que os integrantes sabem disso. Mais: que a música por si só não muda o mundo nem ninguém. Mas uma coisa é certa: se depender do poder de destruição sonora dessa banda, ninguém conseguirá dormir pelas próximas décadas!!!!